28 de mai. de 2025
Por que apostar na economia do carbono?
Roberto Alvarez
Editorial

Quando olhamos para os principais setores industriais no mundo, o Brasil costuma ter uma presença modesta — tipicamente algo entre 1,5% e 3% da produção e/ou do consumo em relação ao total global, em produtos como automóveis, eletrodomésticos, vestuário e linha branca, isso de acordo com dados internacionais de produção e consumo. Mas existe um mercado em que o Brasil pode ser gigante: o de créditos de carbono baseados na natureza.
Estimativas indicam que o país poderá representar até 12% ou 15% desse mercado global (McKinsey, 2022). Um salto histórico. E o momento é agora.
Neste ano, o Brasil sediará a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima. E, no fim de 2024, foi aprovada a lei que institui o mercado brasileiro de carbono. Com ela, empresas passarão a ter limites para emissão de gases de efeito estufa e, ao ultrapassá-los, precisarão compensar — comprando créditos de carbono.
Estamos falando de uma economia que nasceu há pouco e está ganhando espaço — e não apenas no Brasil. O mundo inteiro está criando as bases de uma nova era: a economia do carbono.
A YangPlanet nasce como uma aposta nessa nova economia.
Créditos de carbono podem ser gerados de diversas maneiras. Substituindo frotas a gasolina por veículos elétricos. Reformulando cadeias produtivas com materiais menos intensivos em energia. Usando insumos agrícolas que aumentam a captura de carbono no solo. Conservando florestas. Recuperando áreas degradadas. E muito mais.
Na YangPlanet, acreditamos que há aqui uma oportunidade real — de mercado, de inovação, de geração de valor. E mais do que isso: acreditamos que só será possível avançar na proteção da natureza e na luta contra as mudanças climáticas se e somente se através da criação de valor econômico. Uma economia precisa de empresas. De negócios. De gente empreendendo, investindo, inovando. E é isso que queremos ajudar a construir.
Os mercados de carbono estão em estruturação o redor do mundo. O mercado regulado europeu de carbono é hoje o principal do mundo, movimentando cerca de 1 trilhão de dólares por ano (Ecosystem Marketplace, 2021)— este valor corresponde ao total de ‘permissões de carbono’ (’carbon allowances’) transacionadas nos mercados primário (empresas compram permissões diretamente da EU) e secundário (empresas transacionam as permissões entre si). Mas ele não está sozinho. Mais de 75 países já contam com mecanismos para precificar emissões de gases causadores do efeito estufa.
Além dos mercados regulados, há também os mercados voluntários. Neles, empresas de vários países compram créditos não porque são obrigadas por lei, mas porque assumiram compromissos públicos, estratégicos ou reputacionais com a descarbonização. Os casos de empresas como Microsoft e Google são notórios e têm relações com o nosso país - as empresas possuem créditos futuros a serem produzidos em projetos de reflorestamento e conservação.
No Brasil, por enquanto, apenas o mercado voluntário de carbono está ativo — e movimenta cerca de 2 bilhões de reais por ano. Ainda é pouco. Com a aprovação da Lei 15.042/2024, demos um passo para estabelecer o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Trata-se do sistema de cap-and-trade que criará o mercado regulado brasileiro e deverá estar plenamente operacional até 2030.
O Ministério da Fazenda prevê que, na década seguinte, o mercado de carbono poderá impulsionar o PIB brasileiro em 5,8% Internacionalmente, diferentes países procuram se posicionar como players internacionais da nascente economia do carbono e surgem acordos e mecanismos para facilitar a geração e a transferência de créditos entre países.
É neste cenário que cada vez mais, surgem projetos, empreendedores e investidores apostando nessa nova fronteira. E isso é só o começo. Para que essa economia floresça de verdade, será preciso criar um ecossistema inteiro. Será necessário formar profissionais, desenvolver competências técnicas, acelerar empresas que prestem serviços para os vários elos da jornada do carbono (da produção até a sua aposentadoria), e criar soluções digitais: softwares para medir emissões, plataformas para armazenar dados, sistemas para registrar e rastrear transações.
Será preciso que existam fornecedores de equipamentos, empresas especializadas em mensuração, engenheiros ambientais, técnicos de campo, desenvolvedores, auditores, comunicadores, juristas e operadores financeiros especializados na economia do carbono.
Será preciso gente qualificada para elaborar projetos, para plantar, para analisar dados, para construir essa nova economia.
Será preciso também contar com o mercado financeiro — que crie produtos e mecanismos adequados para financiar projetos de longo prazo, muitas vezes em regiões remotas, com ciclos de retorno diferentes dos que conhecemos hoje. Em outras palavras: será preciso uma nova economia. Com novos atores. Novos produtos e serviços. Novas cadeias. Novas formas de pensar e criar valor.
É por isso que acreditamos no futuro da economia do carbono. É por isso que existe a YangPlanet. Há muito a aprender, criar e construir. Junte-se a nós.
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