Aug 19, 2025
O som do silêncio
Lua Schabib
Carbono Global

As baleias-azuis estão parando de cantar e isso é um alerta. Desde 2013 começaram a ser registradas ondas de calor intensas e duradouras, como o The Bloob – que surgiu no Golfo do Alasca, atingindo temperaturas até 4,5°C acima do normal.
Com o aumento das temperaturas das águas nos oceanos, rolou uma mudança química nas águas e os Krills, pequenos crustáceos semelhantes aos camarões e alimento essencial das baleias azuis, foram dizimados. As baleias tiveram que percorrer maiores distâncias por causa disso e em vez de cantar, elas buscam comida.
Durante os últimos anos, as vocalizações desses mamíferos caíram quase 40%. A mudança foi documentada em um estudo do Monterey Bay Aquarium Research Institute/National Geographic de 2025.
Na Nova Zelândia, um padrão semelhante foi registrado em estudo que aconteceu entre 2016 e 2018.
Acontece que frequência e intensidade das ondas de calor marinhas triplicaram desde a década de 1940. E com o aquecimento global acelerado, eventos como o The Blob podem se tornar mais comuns e mais duradouros.
Pronto, com a triste situação atual das nossas amigas Balaenoptera musculus exemplificamos bem o conceito de ANTROPOCENO, termo popularizado em 2000 pelo químico holandês Paul Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel, para designar uma nova época geológica caracterizada pelo impacto do homem na Terra.
Imagine isso... Uma espécie apenas gerando impacto irreversível num planeta com mais de 4.5 bilhões de anos. Há pesquisadores que chamam isso de capitaloceno, já que é sob a vigência do sistema capitalista que esse impacto foi gerado. E tudo isso tem a ver com carbono.