Por que carbono?
3 de set. de 2024

No primeiro post desta série, vimos o que é o carbono e onde ele está presente. Agora vem a pergunta inevitável: por que falamos tanto sobre carbono?
Entre todos os elementos da tabela periódica, o carbono ocupa um lugar central na discussão sobre clima, energia e sobrevivência planetária.
A resposta está no seu papel no efeito estufa — e nas consequências do desequilíbrio causado por atividades humanas.
O papel do carbono na atmosfera
A atmosfera da Terra é composta, em sua maior parte, por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). O dióxido de carbono (CO₂), por sua vez, representa apenas 0,04% do volume atmosférico — uma fração minúscula.
Mesmo assim, esse traço ínfimo tem um papel gigantesco: ele é um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, ajudando a manter a temperatura da superfície terrestre dentro de um intervalo que permite a vida.
Se não houvesse gases de efeito estufa, a temperatura média do planeta seria de -18°C. Em vez disso, graças à presença de vapor d’água, CO₂, metano e outros gases, mantemos uma média em torno de 15°C — ou seja, +33°C de “isolamento natural”.
O problema: excesso de CO₂
O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário.O problema começa quando adicionamos CO₂ à atmosfera além da conta — e é exatamente isso que temos feito nas últimas décadas. Esse excesso é causado principalmente por duas frentes:
• A queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) para geração de energia, transporte, indústria, etc.;
• O desmatamento, que libera carbono estocado em árvores e solos, e reduz a capacidade de remoção via fotossíntese.

Um planeta em desequilíbrio
Historicamente, a concentração de CO₂ na atmosfera permaneceu estável em torno de 280 partes por milhão (ppm) durante milhares de anos. Mas desde a Revolução Industrial, essa concentração vem aumentando:
• 1750: 280 ppm
• 2024: 422 ppm
Esse salto de mais de 50% aconteceu em menos de três séculos — um piscar de olhos em termos geológicos — e está diretamente ligado ao aquecimento global e às mudanças climáticas que já sentimos.
Medindo o carbono: massa e volume
Ao falar de carbono, usamos duas formas principais de medida:
Massa: medimos em toneladas, quilos ou gigatoneladas.
Por exemplo: 1 tonelada de carbono (C) equivale a 3,67 toneladas de CO₂ (porque o CO₂ é mais pesado, incluindo dois átomos de oxigênio).
Volume: usamos unidades como partes por milhão (ppm) para indicar a concentração do gás na atmosfera.
Há também uma conversão útil:
1 ppm de CO₂ = 2,13 gigatoneladas de carbono na atmosfera
Saber converter entre essas unidades ajuda a entender os números em relatórios, projetos de crédito de carbono e políticas públicas.
Conclusão
Falamos de carbono porque ele é, ao mesmo tempo:
• O alicerce da vida,
• Um regulador da temperatura planetária,
• E uma fonte de desequilíbrio climático quando mal gerido.
No próximo post, vamos entender onde estão os estoques de carbono no planeta — e por que alguns deles são alvos estratégicos para o mercado de carbono.