6 de jun. de 2025
A Economia do Carbono será o novo Pré-sal no Brasil?
Lua Schabib
Ombudsman

Te peguei no clickbait (conhecido no mundo analógico como manchetismo, fenômeno do jornalismo que cria títulos sensacionalistas, muitas vezes não correspondentes com o conteúdo do texto, hehe). Hoje estou aqui para apresentar o carbono.global, site que se destina a escutar as vozes da economia do carbono.
Mas quero te apresentar sob uma perspectiva diferente. Mais que editora por aqui, quero me colocar no papel de ombudsman, palavra que vem do sueco e quer dizer: “voz do povo". O termo foi adotado pelos jornais para designar o profissional que, dentro da redação, representa os interesses da população.
Ombudsman é como será nossa postura - interna e externamente. Posicionamento editorial analítico, com foco em prestação de serviços à sociedade, sempre alinhados com os interesses da natureza e da vida. Credibilidade é coisa séria.
No processo de construção da plataforma da yangplanet vivenciamos novas dinâmicas – como a integração da tecnologia em discussões estruturais e éticas. Isso quer dizer, não apenas usar a inteligência artificial como ferramenta, mas aprofundar a discussão dos novos processos integrados a ela, isso com o foco de valorizar o humano e acelerar soluções. Princípios, propósito e tempo.
Não seria dramático dizer que o tempo está correndo mais rápido — e demanda discussões profundas, ao mesmo tempo. Temos também um desafio estético, de linguagem mesmo. Estamos mais visuais e as gerações demandam tipos de conteúdo e interações diferentes, em todas as instâncias e canais de comunicação. A pergunta principal é: como vamos priorizar a natureza se estamos cada vez mais distantes dela?
E ela é o futuro. Veja, a cosmologia de alguns povos indígenas, como os Munduruku, do Brasil, explica o futuro na ideia de que o que está por vir já aconteceu — ou seja, a história se move em ciclos. Já para os Aymara (dos Andes), o passado está à nossa frente, revelando um vínculo profundo com a ancestralidade e a memória.
O desafio atual é traduzir as inovações científicas e as importantes decisões que estão sendo tomadas para o grande público. Não existe mais a editoria de meio ambiente. A natureza é uma variável importante para todas as áreas e debates ativos da sociedade. Por isso, criamos um ecossistema que reflete nossa missão — que é acelerar a economia do carbono.
E quando a gente fala acelerar, é acelerar mesmo. Primeiro porque precisamos agir rápido, por causa do aquecimento global. Segundo, porque o tempo médio para se produzir um crédito de carbono é de um e meio a dois anos — isso em função do tempo para atender os protocolos rde MRV (Monitoramento, Relato e Verificação). E possível usar a tecnologia para deixar isso mais ágil? A resposta é sim e esse é a nossa visão de futuro. .
Assim lançamos a yangplanet – e seu nome reflete sua energia de ação e desenvolvimento de soluções fundamentadas para essa economia em transição. O projeto editorial carbono.global nasce junto — com textos que apresentam nosso espírito — te convidando para a uma jornada de descoberta.
Em Por que apostar na economia do carbono, Roberto Alvarez, estrategista de negócios da yangplanet, faz uma análise do cenário de oportunidade que estamos vivendo. Já Rafael Moura, biólogo e co-fundador da yangplanet, apresenta lições sócio-econômicas baseadas na vida dos pinguins, na sua coluna Matemática da Natureza.
Ah! Sobre o pré-sal…
Só para fazer um plot twist (conceito do cinema que significa uma reviravolta inesperada), vamos fazer um paralelo entre a Economia do Carbono e a história do Pré-sal no Brasil, com o objetivo de instigar um debate. Aqui temos compromisso com o título… Risos.
Hoje temos um ativo imenso e estratégico em nossas mãos, novamente. Desta vez, trata-se de um ativo que nasce no solo e nas florestas, na restauração dos biomas, na proteção de florestas e reservas, na produção sustentável e no protagonismo de quem vive da terra — e não de combustíveis fósseis.
Enquanto, o mundo corre para mitigar os efeitos da crise climática, nosso país se destaca como um território-chave para soluções baseadas na natureza.
Mas será que estamos estruturando um plano de soberania no longo prazo?
A economia do carbono pode, sim, ser o novo pré-sal — se considerarmos a agitação do mercado com suas perspectivas e oportunidades promissoras.
O Brasil possui um enorme potencial na geração de créditos de carbono, estimado entre 80 milhões e 1 bilhão de toneladas de CO₂ até 2030, segundo a TrendsCE. No entanto, atualmente emite menos de 1% desse volume de créditos, com foco principal em projetos de conservação florestal e energia a partir de resíduos, de acordo com McKinsey Brasil. No mercado voluntário global, o Brasil ocupa a sétima posição em volume de transações (OPEB), mas tem capacidade para suprir até 28% da demanda global do mercado regulado e 48,7% do mercado voluntário até 2030, segundo análise do Investalk do Banco do Brasil.
Em termos econômicos, o mercado brasileiro de carbono pode movimentar até US$ 120 bilhões até o final da década, com base em estimativas da ICC Brasil. Se aprendermos com a história — no contexto da discussão sobre a exploração do pré-sal — e criarmos marcos regulatórios sólidos, ferramentas de fiscalização transparentes e plataformas de diálogo entre setores da sociedade, poderemos vivenciar na próxima década uma liderança consolidada nesse setor.
E a boa notícia é que já estamos nesse caminho. A Lei 15.042/2024 foi sancionada em dezembro, estabelecendo o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Inúmeros fóruns discutem a agenda do clima, energias renováveis e economia do carbono — como o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, o Fórum Empresarial de Adaptação à Mudança do Clima (coordenado pela FGV), os fóruns governamentais CONAREDD+ e seus GTTs.
Múltiplas iniciativas brasileiras bem-sucedidas já protagonizam o cenário global dessa nova economia, com inteligência, processos reconhecidos e viabilidade econômica comprovada.
A oportunidade é clara. Governos, entidades civis, iniciativas privadas, sociedade organizada... é tempo de participar. A economia do carbono é uma via concreta para alavancar bioeconomias, impulsionar a pesquisa e gerar riqueza com responsabilidade climática.

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Fale com a ombudsman. Até semana que vem.
lua@yangplanet.com