O que é crédito de carbono?
18 de out. de 2024

Um crédito de carbono representa a remoção ou a redução de uma tonelada de CO₂ equivalente (CO₂eq) da atmosfera. Essa padronização é necessária porque nem todos os gases de efeito estufa causam o mesmo impacto no aquecimento global. Para facilitar a comparação, utiliza-se o conceito de CO₂ equivalente, que transforma o potencial de aquecimento de qualquer gás em uma métrica comum.
Por exemplo, o metano (CH₄) tem um potencial de aquecimento aproximadamente 27 vezes maior que o dióxido de carbono, enquanto o óxido nitroso (N₂O) é cerca de 273 vezes mais potente. Embora o CO₂ seja o mais emitido, representando 73% das emissões globais, o metano responde por cerca de 17% e o N₂O por 6%. Isso mostra como outros gases também têm um papel significativo na crise climática, mesmo em menores quantidades.


Créditos de carbono podem ser divididos em dois grandes grupos. O primeiro são os créditos por remoção, gerados quando uma tonelada de CO₂ é retirada da atmosfera. Isso pode acontecer por meios naturais, como o crescimento de árvores por meio da fotossíntese — em florestas plantadas ou regeneradas — ou por tecnologias mais recentes e experimentais, como a captura direta de carbono do ar ou o intemperismo acelerado de rochas ricas em minerais que reagem com o CO₂ atmosférico.
O segundo grupo são os créditos por redução, que surgem quando uma tonelada de CO₂ deixa de ser emitida graças a alguma mudança de prática ou tecnologia. Os projetos mais comuns de redução estão ligados à geração de eletricidade com fontes renováveis, à eletrificação do transporte, à prevenção do desmatamento, a melhorias em práticas agrícolas e ao controle de emissões de metano em aterros sanitários. Um exemplo conhecido do potencial econômico desse tipo de crédito é a Tesla, que em 2024 faturou 2,3 bilhões de dólares vendendo créditos de carbono gerados por suas ações de descarbonização no setor automotivo.
Os créditos de carbono são, portanto, uma tentativa de transformar a luta contra as mudanças climáticas em uma lógica de incentivo econômico: quem evita ou remove emissões pode ser remunerado por isso. Mas, como veremos em outros textos, a eficácia e a integridade desses mecanismos dependem de regras claras, medições robustas e, principalmente, de uma visão de longo prazo sobre o equilíbrio do planeta.